quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Especial: Zafón

Por Eric Silva

Mi afición a los dragones viene de largo. Barcelona es ciudad de dragones, que adornan o vigilan muchas de sus fachadas, y me temo que yo soy uno de ellos. [...] Además de haber nacido en el año, por supuesto, del dragón, mis vínculos con estas bestias verdes que respiran fuego son numerosos. Somos criaturas nocturnas, aficionadas a las tinieblas, no particularmente sociables, poco amigas de hidalgos y caballeros andantes y difíciles de conocer.”[1] – Zafón, sobre dragões e ele mesmo.



Olá, queridos leitores.

Carlos Ruiz Zafón é um nome muito importante para mim e para esse blog, pois como mencionei diversas vezes, seu principal livro, A Sombra do Vento, foi a grande inspiração do mais ambicioso projeto do Conhecer: A Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo, normalmente identificado com a numeração do ano de vigência e o nome do país nele homenageado.

A primeira edição da Campanha aconteceu em 2016, ano em que homenageamos a Espanha (2016, #AnoDaEspanha), e nasceu da curiosidade de conhecer melhor a literatura desse país. Tal curiosidade foi, no entanto, despertada pelo poder irresistível da escrita de Zafón. Hoje, estamos na segunda edição da campanha e o Brasil é o país homenageado (2017, #AnoDoBrasil).

Contudo, a proposta é homenagear ele mesmo, por isso hoje, no dia do aniversário do autor, me coloco diante de vocês para propor, aos leitores de Zafón, um retorno aos livros do espanhol mais lido no mundo depois de Miguel de Cervantes, e aos novatos, um mergulho nas brumas de uma escrita fantástica. É essa a proposta desse especial: ler e falar de Zafón.

Claro que não será uma maratona, porque esse projeto se dará em conjunto com outros já em andamento, mas o objetivo é resenhar todos os livros do autor já publicados no Brasil e trazer todo tipo de postagem especial que se envolvam com os temas por eles evocados, ao clássico estilo do Conhecer Tudo.

Mas por que Zafón? Vocês devem estar se perguntando.                                                 

Tenho certeza que os mais bem informados dirão que é por conta de seu último livro, O Labirinto dos Espíritos, lançado recentemente no Brasil pela Suma de Letras. Com esse livro o autor encerrou um ciclo de trabalho que já se completava quinze anos e que começou em 2001 com a publicação de A Sombra do Vento, formando uma tetralogia que foi batizada como O Cemitério dos Livros Esquecidos (em espanhol, El cementerio de los libros olvidados). Para comemorar a chegada ao Brasil do último tomo da série, a Suma republicou toda a coleção uniformizando as capas dos livros e dando-lhes um ar mais bonito e elegante.

Contudo, com toda a novidade de uma edição nova e o relançamento da coleção, outros motivos se somaram para que eu me lançasse nesse novo projeto.

Posso dizer que o talento do autor já é motivo mais do que suficiente e, é claro, que já tinha planos de ler os demais livros que sucedem A Sombra do Vento, única obra do autor que já li – curiosamente em duas variações da língua portuguesa: a brasileira e a lusitana. Contudo, a vontade de regressar ao universo barcelonês e reviver a cidade que Zafón nos apresenta é ainda maior e se soma ao conjunto.

Como geógrafo conheço um pouco de muitos lugares, e sabia que Barcelona era uma importante cidade portuária da Espanha, além de conhecer um ponto turístico ou outro, sobretudo por conta das obras do arquiteto catalão Antoni Gaudí, cuja principal obra, o Templo Expiatório da Sagrada Família, é um dos principais cartões postais da cidade.  Entretanto, foi depois de A Sombra do Vento que passei a conhecer mais da cidade, de sua história secular e passei a pesquisar mais sobre ela. Hoje, Barcelona, bem como muitos outros lugares da Espanha, é uma cidade que me encanta e que desejo conhecer um dia.

Já inspirado e decidido a fazer o projeto, o último elemento que se somou porém foi de natureza muito triste: a notícia do lamentável ataque terrorista ocorrido em Barcelona no dia 17 de agosto. Algo que me tocou bastante.

O atentado ocorrido em La Rambla, importante avenida da cidade e muito citada no livro de Zafón, teve a autoria reivindicada pelo grupo fundamentalista Estado Islâmico. Naquele dia, aproveitando o grande fluxo de pessoas, uma van atropelou e matou 13 pedestres além de deixar mais de 100 feridas. Muitas das vítimas eram turistas que circulam pela cidade todos os dias.

Esse fato me comoveu bastante e prestei meu apoio ao povo barcelonês nos principais canais daqui do blog. Nessa altura eu já tinha o plano desse especial em mente, e já estava fazendo minha releitura de A Sombra do Vento, mas a consternação provocada por esse episódio só reforçou em mim o desejo de fazê-lo. Nunca estive em Barcelona, mas Zafón nos aproximou bastante, porque sua obra é capaz de realizar tais coisas.

Como disse antes, o objetivo é ler e resenhar toda obra do autor publicada no Brasil e que consiste em duas séries e um livro independente, totalizando oito obras. Incluído a isso tentarei o desafio pessoal de ler e resenhar o relato Rosa de Fuego, ainda sem tradução para a língua portuguesa. Assim o nosso itinerário seria o seguinte:

Cemitério dos livros esquecidos

1.       A Sombra do Vento (2001)
2.       O Jogo do Anjo (2008)
3.       O Prisioneiro do Céu (2011)
4.       O Labirinto dos Espíritos (2016)

Trilogia da Névoa

5.       O Príncipe da Névoa (1993)
6.       O Palácio da Meia-Noite (1994)
7.       As luzes de Setembro (1995)

Independente

8.       Marina (1999)

Contos

9.       Rosa de fuego: un relato (2012)
9.       El Píncipe de Parnaso (2012)
10.    La Ciudad de Vapor: todos los cuentos (2020 - póstumo)

Bem espero que todos gostem desse novo projeto do Conhecer Tudo. Nessa semana, as primeiras postagens serão publicadas junto com a resenha de releitura do primeiro livro do itinerário: A Sombra do Vento. No quadro abaixo vocês podem conferir o andamento do projeto, os livros resenhados e as postagens especiais relacionadas.

Se você está lendo Zafón ou já leu seus livros venha, comente nas postagens do projeto e divida suas impressões de leitura. Para os que não conhecem ou nunca leram, embarque conosco nessa aventura e venha descobrir Zafón.

Resenhas e fichas técnicas dos livros (clique na capa)

              





Livros já resenhados
11. Marina

Postagens Especiais
3. 

Status de leitura: 100% concluído





[1] Tradução livre: “Meu gosto pelos dragões vem de muito tempo. Barcelona é uma cidade de dragões, que decoram ou guardam muitas das suas fachadas, e tenho medo de ser uma delas. [...] Além de nascer no ano, é claro, do dragão, meus vínculos com essas bestas verdes que respiram fogo são numerosos. Nós somos criaturas noturnas, apaixonadas pela escuridão, não particularmente amigáveis, pouco amigas de fidalgos e cavaleiros andantes e difíceis de conhecer”.

7 comentários:

  1. Texto memorável. Ele é sem duvida um dos melhores escritores contemporâneos. Ler um livro de Carlos Ruiz Zafón é um deleite inenarrável!

    www.sramaia.blogspot.com

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    1. Obrigado pelo comentário. De fato, Zafón é tudo de bom.

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  2. Eu fui tomada de paixão por Zafón a partir do livro Marina. Vou te contar como foi:
    Minha irmã tinha dois filhos, ainda pequenos e queria muito uma menina. Seria a primeira menina da família do seu marido, que só tinha meninos, os dois dela e mais dois da sua irmã. Eles ainda tentaram mais uma vez, mas minha irmã teve problemas na gravidez e teve um aborto espontâneo. Depois de algum tempo, veio a menina, chamada Marina.
    Quando eu recomecei a ler muito, logo encontrei nas listas das indicações o nome de Zafón e achei por coincidência o nome do livro Marina, e em homenagem à minha sobrinha procurei o livro e li num daqueles projetos do Skoob de Livro Viajante. Foi muito bom encontrar esse livro, eu mergulhei naquele romance como se fosse a minha própria vida, sorri e chorei com ele e acabei me apaixonando pelo autor. Isso foi em 2016, coincidentemente.
    Depois, eu ganhei o livro A Sombra do Vento, e outra coincidência, quem me deu foi o meu cunhado, pai de Marina. Li o livro o ano passado, em outubro. Uma obra linda que também me ganhou nos primeiros capítulos. Eu fico me perguntando depois disso: Será que existe coincidências no mundo literário? (rsrsrsrs)

    Desculpe a parêntese feito aqui nesse espaço, mas achei interessante comentar a minha história com Zafón para ilustrar a simpatia que tenho pela sua obra.

    Grande abraço,
    Drica.

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    1. Fique a vontade. O espaço é dos leitores, logo, é seu também. Gostei que tenha compartilhado sua experiência. No meu caso, comecei com a Sombra do Vento lendo a edição portuguesa. Apaixonei-me pela escrita dele. Depois comprei a série toda e hoje tenho todos os livros publicados por ele e que estou lendo aos poucos. Ainda não li Marina e esse mês sai a resenha de O Labirinto dos Espíritos. Meio que fiquei sem saber o que dizer do ultimo livro da série e não estou gostando da minha própria resenha (não está a altura do livro). Mas vai assim mesmo (rsrsrs).

      Abraço apertado, Drica!

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  3. Nossa, sou completamente apaixonada pela literatura de Zafón. Ainda me faltam ler dois livros: Príncipe da Névoa e O Palácio da Meia-Noite, mas adianto que os outros seguem a mesma linha de narrativa. Envolvente, imersivo. Chega falta ar muitas vezes. E algumas idéias se repetem também, os tipos de mistério, o desenrolar da história. É aquela narrativa própria de Zafón, que parece que estamos assistindo um seriado.
    Estou super ansiosa e guardando um tempo para ler suas resenhas dos livros. Acabei de reler A Sombra do Vento já que depois de ler O Labirinto dos Espíritos me faltava algumas lembranças e detalhes da história contados no primeiro livro que li exatamente (inclusive os dias) 10 anos antes do último livro. Lembrei das coincidências da Adriana no comentário aí em cima!

    Nunca fui a Barcelona, mas depois dos livros tenho muita vontade. O problema é conseguir não levar todos os livros na mala só pra sair andando nas mesmas ruas que Daniel, Fermin, Julian, tentar achar o sobrado de David e a casa assombrosa na frente do Parque Guell (e outros lugares icônicos que vou achando lendo com o google maps aberto no celular).

    Abraço e boa leitura!

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  4. Respostas
    1. Influentemente ainda não. Faltam cinco livros. Pretendo retoma-lo perto do fim do ano.

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