quarta-feira, 30 de maio de 2012

Zezinho, o dono da porquinha preta

Estou abrindo espaço para os resumos de meus alunos, acerca dos livros que eles estão lendo. Como muito ainda estão aprendendo a técnica do resumo alguns textos podem apresentar imperfeições. O resumo abaixo é de meu aluno Mateus, que está cursando o 6º ano sobre o infanto-juvenil de Jair Vitória, Zezinho, o dono da porquinha preta.


"Quando Zezinho estava jogando bola recebeu a noticia desagradável que a porquinha ia ser morta pelo pai.  Zezinho corre para casa já gritando pela porquinha o pai dele havia falado que era para ele tirar a porquinha de dentro de casa, pensava em fazer um chiqueiro para maninha, mas o pai dele queria vender a porquinha de qualquer jeito pro seu Martinho. Zezinho falou com a mãe para convencer o pai, mas ele gostava de contrariar ela, mostrando que não aceita opinião de ninguém. Zezinho ia conversar com o seu Martinho, para não comprar a porquinha, mas não o encontrou. Como o chiqueiro ou imitação de chiqueiro já estava pronto resolveu levar a porquinha e esconde-la, mas na mesma noite a porquinha corre o risco de morrer afogada e ele sem poder fazer nada fica em casa aflito. No dia seguinte foge da escola e encontra a porquinha. Ao longo da história se envolve em muitas outras confusões a ultima foi fugir com a porquinha de barco nesse período teve uma enchente e o pai preocupado vai procura-lo. Quando o achou lhe deu um abraço de afeto e carinho e decide não vender mais a porquinha". 

Mateus


Capa do Livro Zezinho, o dono da porquinha preta, de  Jair Vitória

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Adeus, Mr. Chips - James Hilton - Resenha

Adeus, Mr. Chips é uma novela escrita por James Hilton e foi o livro que lhe rendeu fama mundial. Nesta novela James nos conta a história de um professor de línguas latinas, chamado Mr. Chipping, mais conhecido pela forma um pouco menos formal de Mr. Chips. A história se desenrola entre o período de 1870 e aproximadamente 1932, na ainda tradicional Inglaterra. Mas na verdade a história inicia-se já no presente do personagem em seus últimos tempos de vida, só depois é retoma toda a trajetória do personagem ao longo do tempo desde o seu ingresso como professor na escola Brookfield, fundada ainda no século XVIII.

Nessa novela Hilton mostra com incrível simplicidade a evolução do seu personagem e todas as atribulações que cercaram sua vida, os fatos e atitudes que lhe tornara ícone e figura notável dentro da instituição. Pouco pouco a figura do homem e a de professor respeitável se confundem como partes coesas de um mesmo todo.

Mr. Chips é o exemplo esplendido de que ninguém nasce pronto, mas de que se faz através da convivência com as pessoas, com os acontecimentos que o abalam, mas ao mesmo tempo norteiam a vida, e de que através da contribuição de ambas o caráter e a personalidade são construídas. Para ver isso basta perceber como Chips passa de um homem severo e fortemente conservador a alguém bem humorado ainda que bastante conservador. Uma figura antes de tudo amante de sua profissão, séria e extremamente humana, mas ao mesmo tempo espantosa como a aula que fez questão de não interromper apesar de um bombardeio que ocorria ali mesmo do lado de fora da escola em plena Guerra Mundial. Confira esse trecho:


“E uma vez, certa noite de lua cheia, as sirenas de alarme soaram anunciando um ataque aéreo, quando Chips estava dando sua quarta-classe de latim. Ouviram-se quase instantaneamente os primeiros tiros de canhões e, fora, começaram a cair aqui e ali muitas granadas. Chips teve a impressão de que eles podiam ficar exatamente onde se encontravam, no rés do chão do internato. Edifício de construção sólida, era dos melhores abrigos que Brookfield podia oferecer; e, quanto ao caso de uma granada acertar-lhes em cheio, em tal conjuntura não podiam esperar salvação, estivessem onde estivessem.
Desse modo, continuou Chips com o seu latim, erguendo mais a voz no meio das detonações retumbantes dos canhões e do uivo agudo das granadas anti-aéreas. Alguns dos rapazes estavam nervosos; poucos conseguiam prestar atenção.Chips falou com brandura:
— Pode parecer-lhe, Robertson, neste particular momento da história do mundo — am — que os assuntos de César nas Gálias uns dois mil anos passados — am — sejam de importância um tanto secundária e que — am — a conjugação irregular do verbo tollo seja — am — menos importante ainda.Mas, creia-me, — am — o caso não é realmente esse.
Nesse instante sobreveio uma explosão particularmente forte e muito perto.
— Vocês não podem — prosseguiu Chips — julgar da importância — am — das coisas pelo barulho que elas fazem.Oh, não, valha-nos Deus. — Uma risadinha abafada. — E essas coisas — am — que tiveram importância durante milhares de anos... não vão desaparecer... só... porque algum ProfessorZorrilho... no seu laboratório inventa uma nova espécie de calamidade.
Risinhos reprimidos e nervosos; porque Burrow, o pálido, chupado e fisicamente incapaz professor de química, tinha o apelido de Professor Zorrilho. Outra explosão — ainda mais perto.
— Vamos — am — retomar o trabalho. Se o destino quiser que sejamos em breve — am interrompidos, que nos encontrem pois empenhados em alguma coisa — am — realmente apropriada. Algum de vocês quer analisar?
Maynard, o rechonchudo, intrépido, inteligente e descarado Maynard respondeu:
— Eu, professor.
— Muito bem. Procure a página quarenta e comece na última linha.
As explosões ainda continuavam, ensurdecedoras; o edifício inteiro tremia, como se fosse saltar dos alicerces.Maynard achou a página, que ficava um pouco para a frente, e começou com sua voz estrídula:
— Genus hoc erat pugnae — esta era a espécie de luta— quo se Germani exercuerant — na qual os alemães se empenhavam. Oh, professor, esta é boa, é mesmo muito engraçada, professor, uma das suas melhores pilhérias...
As risadas começaram, e Chips acrescentou:
— Bom — am — vocês podem ver... agora... que essas línguas mortas — am —podem ressuscitar de novo... às vezes... hein? Hein?
Ficaram sabendo depois que haviam caído cinco bombas nos arredores de Brookfield, sendo que a mais próxima delas pouco para fora dos grounds da Escola. Tinham matado nove pessoas.
A história foi contada, recontada e embelecida.




A edição lida está na mesma edição e volume da Seleções do Reader's Digest em que a edição lida de Matrizes de Bravos, da autora Anya Seton se encontra.
42 páginas.
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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Matriz de Bravos - Anya Seton - Resenha

Capa da edição americana
Matriz de Bravos conta a história de Elizabeth que primeiro foi Fones, depois Winthrop, mais tarde Feake e por fim Hallet, e uma das responsáveis pela construção do novo mundo nos EUA. Elizabeth era dona de uma rebeldia inquietante de quem quer pensar e agir por si mesma, corajosa e determinada. Também chamada pelo nome de Bess, tem contada sua vida desde pequena no Solar Groton onde fora sovada pelo rigoroso tio John Winthrop por pensar e agir diferente daquilo que os puritanos como ele pensavam ser o correto até sua dura e perseguida vida na colônia onde por muitas vezes viu sua vida e da sua família por um fio. É narrada também seus amores arrebatadores que lhe conduziu por caminhos difíceis e perigosos onde teve que enfrentar os desafios e as mais penosas provações muitas vezes vacilante sobre o que pensar de Deus e da religião que algumas vezes se demonstravam perversos não só com ela, mas com muitos outros inocentes.
            O romance lindamente traduzido por nossa inesquecível Clarice Lispector é um convite àqueles que gostam de História. A história conta o período das perseguições religiosas na Inglaterra de Carlos I e da vida dos colonos das colônias do norte daquilo que mais tarde viria a ser os Estados Unidos.  Nas paginas do romance de 290 paginas Anya Seton descreve com riqueza de detalhes uma realidade marcada pelas dificuldades de sobrevivência nas terras hostis da nação que nascia; o fanatismo muitas vezes impiedoso dos lideres puritanos da época além das superstições acerca de bruxaria que reavivavam a histeria vivida na inquisição; o extermínio dos índios, verdadeiros donos da terra e que a perdiam através do escambo ou da destruição de suas tribos trucidadas pelas tropas das colônias inglesas e holandesas; e a selvageria de alguns dos homens colonos que se brutalizavam diante do sofrimento na terra hostil ou da ganancia exacerbada por ela. 
            Matriz de Bravos é uma tradução do Original em inglês The Winthrop Woman de 1958, da autora Anya Seton e editado originalmente pela Houghton Co. em Boston, Massachusetts, EUA. A edição lida por mim é antiga, da Seleções do Reader's Digest do ano de 1963, difícil de encontrar. Desconheço outra edição e não encontrei versão em pdf  em português. Mas para quem encontrar eu desejo uma boa leitura porque esse banho de história, romance e filosofia religiosa faz qualquer um despertar o mesmo desejo por liberdade que tanto ansiava Elizabeth.

Eric Silva

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Monte Cinco


“Todo homem tem direito de duvidar de sua tarefa, e de abandona-la de vez em quando; a única coisa que não pode fazer é esquece-la. Quem não duvida de si mesmo, é indigno - porque confia cegamente na sua capacidade, e peca por orgulho. Bendito seja todo aquele que passa por momentos de indecisão”. (Paulo Coelho, O Monte Cinco)
Capa da edição lida. Fonte: Reprodução.

O pequeno enxerto acima é a fala do Anjo do Senhor para Elias quando este, subindo o Monte Cinco para encontrar a morte pelo fogo sagrado, duvida da missão confiada a ele por Deus. A imensa carga filosófica deste pensamento, contudo, é sem dúvida a marca registrada da escrita de Paulo Coelho, um dos escritores brasileiros mais bem conceituados no exterior. Em Monte Cinco, Paulo Coelho conta de uma forma diferente a história de um dos grandes personagens do Antigo Testamento, o profeta Elias. 

Elias era um dos profetas de Deus que teve que fugir da cólera da princesa Jezabel que ordenara que fossem mortos todos os profetas de Jerusalém e imposto o culto ao deus pagão Baal. Por desígnio de Deus, Elias impôs uma longa seca que assolaria por anos a região de Jesuralém e perseguido por Jezabel é orientado por Deus para que fugisse para a torrente de Querite onde seria alimentado por corvos que lhe trariam comida. Depois dali, o Senhor o envia para a cidade de Sarepta onde seria acolhido por uma viúva e é nessa estadia na cidade de Sarepta, na história chamada de Akbar, que a história se transforma.

Elias no deserto, de Washington Allston. Fonte: Wikimedia Commons

O livro no seu princípio segue com alguma fidelidade o que está escrito na bíblia e traz também passagens desta, mas é no momento em que Deus pede a Elias que vá a Sarepta que tudo muda. Na bíblia não há grandes relatos sobre o tempo em que Elias viveu ali, além do fato da morte do menino da viúva que Elias pede que Deus ressuscite e é atendido. É nesse ponto Paulo Coelho dá asas à imaginação e passa a escrever sobre como foi o período em que Elias viveu entre os habitantes de Akbar, a perseguição que sofreu, a condenação pela morte do menino da viúva e a ameaça da invasão assíria.

O que me chamou mais atenção na história, contudo, é a mensagem muito bonita de superação e fé trazida pelo personagem e na qual devemos aprender a lutar sempre, ás vezes até mesmo com Deus pois Ele espera de nós essa força de vontade e atitude.

A edição lida é da Editora Objetiva com 280 páginas.


Baal era uma entidade divina venerada na Antiguidade por fenícios e cartagineses e cuja adoração era abominada pela fé judaica. O culto desta entidade é bastante lembrado pelas passagens bíblicas que mencionam como muitos hebreus se desviaram da Crença no Deus de Abraão e pela prática comum na época de sacrificar crianças em sua homenagem. Na imagem Baal com o braço direito levantado. Estatueta de bronze. Fonte: Wikimedia Commons

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