sexta-feira, 13 de abril de 2018

A história dos deuses Izanagi e Izanami: mitologia e dualidade no livro O Conto da Deusa – Postagem Especial


Por Eric Silva
Está sem tempo para ler? Ouça a nossa resenha, basta clicar no play.



A mitologia é um aspecto comum a todos os povos antigos que surgiram na história humana. Uma forma de explicar o mundo e transmitir valores para as novas gerações. Dessa forma todo povo antigo possui um mito que conta como surgiu o mundo e seu povo.

Alguns destes conjuntos de mitos se tornaram famosos e se espalharam pelo mundo como é o caso das mitologias grega e nórdica. Outros nunca ganharam projeção ou então foram perdidos, seja pela falta de registro de povos ágrafos, ou por conta dos muitos casos de genocídio e etnocídio cometidos por colonizadores europeus na América, na África, na Ásia e também na Oceania.

O Japão como um país de cultura secular também possui seus mitos e figuras mitológicas ainda pouco conhecidos no ocidente. Mitos que falam da criação do mundo e do arquipélago japonês e criaturas mitológicas e sagradas que povoaram e ainda povoam o imaginário religioso de seu povo.

Um desses mitos é retratado por Natsuo Kirino em seu livro O Conto da Deusa, primeira obra resenhada na III Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo. Natsuo faz uma releitura do mito da criação do Japão pelos deuses Izanagi e Izanami para criar uma narrativa sobre tradição, amor, ressentimento e vingança, por consequência a autora japonesa acabou por nos apresentar um pouco da mitologia dos japoneses.

No texto de hoje falarei um pouco do mito de Izanagi e Izanami conforme ele é contado por Natsuo, e como esta autora liga isso a uma ideia de dualidade que parece ser marcante na filosofia religiosa japonesa.

Observação: o texto apresenta spoilers da trama do livro.

***

Um pouco sobre O Conto da Deusa

Capa da edição brasileira.
Mesclando mitologia e ficção literária, O Conto da Deusa conta a história da criação do Japão através de uma narrativa de amor e traição que fala também de tradições e da marginalização da mulher. Uma obra povoada de símbolos, ao mesmo tempo que profunda e contemplativa, mas que também revela uma forte crítica à posição da mulher dentro das traições machistas que regeram e regem tanto a sociedade ocidental quanto a oriental.

O livro se divide basicamente em 5 grandes partes durante os quais Namima, a protagonista e narradora da trama, relata toda a trajetória de sua vida terrena e os acontecimentos posteriores a sua morte. É a través dessa narração que sabemos como o destino trágico e sofrido da moça, uma simples ilhoa que por conta de tradições arcaicas e injustas é obrigada a cumprir o duro e solitário papel de guardiã dos mortos (sacerdotisa das trevas), se entrecruza com a história dos Deuses Izanami – a quem Namima serve no mundo dos mortos – e Izanagi (no livro grafado com Izanaki), seu esposo.

Em paralelo a história de vida de Namima, Izanami e uma de seus serviçais, Hieda no Are, contam à sacerdotisa das trevas a narrativa do surgimento dos Deuses que criaram o céu, a terra e os mares além de outros deuses dos quais faziam parte Izanagi e Izanami, os “Deuses do desejo masculino-feminino”.

A resenha completa do livro você pode encontrar neste link e abaixo você confere um resumo desse importante mito da tradição religiosa japonesa a partir da narração empreendida por Natsuo.

O mito de Izanagi e Izanami

No princípio tudo o que existia era o caos. Até que a matéria informe foi dividida no céu e também na terra que sem forma flutuava como óleo sobre os mares, mas essa. Outras divisões foram se dando sempre em pares complementares até que o mundo chegasse a ser o que é hoje.

Izanagi e Izanami. Obra de Kobayashi Eitaku, 1885.
Wikimedia Commons.
Quando o céu e a terra se dividiram surgiu a primeira divindade única e sem sexo ou forma, Ame-no-mi-naka-nushi (天之御中主神), a divindade do Centro Celestial, que governava no coração do céu acima de todos os outros. Após ele, outras quatro divindades sem corpo ou sexo surgiram: Takami-musuhi (高御産巣日神), a divindade da Criação Celestial, Kamu-musuhi (神産巣日神), a divindade da Criação Terrena, Umashi-ashi-kabi-hikoji (宇摩志阿斯訶備比古遅神), o estimado Soberano do Cálamo, e Ame-no-toko-tachi (天之常立神), a divindade Eternamente Presente no Céu. Esses cinco primeiros deuses passaram a ser conhecidos como as Cinco Divindades Celestiais Separadas.

Posteriormente dois outros deuses sem forma física ou distinção de sexo apareceram: Kuni-no-toko-tachi (国之常立神), a deidade Eternamente Presente na Terra, e Toyokumono (豊雲野神), o Espírito das Nuvens Abundantes.

As outras divindades que se seguiram apareceram sempre aos pares masculino e feminino. Entre eles Izanagi (イザナキ) e Izanami (伊弉冉尊), os deuses do amor conjugal e que assumiam a forma humana de um homem e uma mulher.

Izanagi e Izanami eram os deuses responsáveis por gerar a terra e nela aquela que se tornaria o Japão. Também geraram os elementos da natureza e toda a diversidade de deuses que habitavam o mundo natural, todos eles nascidos do ventre de Izanami. Por isso, ao descerem dos céus a primeira ordem recebida pelos deuses primordiais foi a de solidificar a terra que vagava à deriva nos mares. À vista disto, o casal de deuses munidos de uma lança decorada com joias (a amenonuhoko, “lança do céu”)[1] foram até a ponte flutuante entre o céu e a terra e juntos arremessaram a lança na água, agitaram-na e quando novamente a ergueram, as gotículas que pingaram da ponta coagularam quando atingiram as ondas e formaram uma ilha, a ilha de Onogoro (淤能碁呂島).

Em Onogoro, Izanagi e Izanami e construíram um palácio cujo pilar principal alcançava a Planície do Alto Céu e os permitiam comungar com os deuses que residiam no alto, e por isso chamaram o pilar principal de seu palácio de o “Pilar do Céu”.

Após terem construído sua morada, os dois deuses manifestam um determinado interesse e curiosidade um pelo corpo do outro o que os levariam ao matrimônio. Essa passagem do mito, contado pela própria Izanami, em O Conto da Deusa, é relatado de forma bastante sutil:

“Assim que nós o construímos, Izanaki perguntou: “Como é a forma de seu corpo?” Veja bem, eu fui a primeira deusa a aparecer em forma de mulher, e Izanaki não entendia isso. Então eu respondi: “Meu corpo tem uma forma perfeita, mas em um lugar é vazio.” A isso, Izanaki respondeu: “Meu corpo é perfeito em forma, mas em um lugar existe um excesso.” Ele continuou: “Deixe-me colocar meu lugar de excesso dentro de seu lugar vazio, preenchendo-o, portanto. Nesse dia eu gostaria que nós déssemos à luz a terra. O que você me diz?” E eu concordei.”

Diante da aprovação de Izanami, Izanagi sugeriu que ambos contornassem o Pilar do Céu como uma cerimônia matrimonial, ele indo para a esquerda e ela, para a direita. Quando ambos se encontraram ela foi a primeira a dizer “Que homem de grande formosura eu conheci!”. Ainda que desapontado, por ter pensado que seria o primeiro a falar, Izanagi respondeu: “Que mulher de grande formosura eu conheci.” E depois desta cerimônia ritual os dois realizaram a sua união que resultou no primeiro filho do casal e que foi chamado de Hiruko (水蛭子). Contudo a criança era imperfeita, não possuindo ossos, e seu corpo era mole e macio. Por isso o casal decidiu colocar o bebê numa canoa de junco e deixar que a correnteza do mar o levasse.

Após o tempo nasce o segundo filho, que deu origem a pequena ilha de Awa no lugar de produzir uma grande faixa de terra. Como uma pequena ilha não era considerada pelos deuses como digna de importância, estes resolveram relatar aos deuses superiores suas desventuras e lhes pedir algum conselho.

Os deuses da Planície do Alto Céu disseram que o erro fora cometido durante a cerimônia de matrimônio, quando Izanami falara antes de seu marido, quando este deveria ser o primeiro a falar. Não era permitido às mulheres falar primeiro, por isso o casal deveria refazer o ritual.

Izanagi e Izanami fizeram como lhe aconselhavam os deuses maiores e o primeiro filho que geraram dessa união foi a ilha de Awaji. Em seguida Shikoku e as ilhas Oki. Depois Kyushu e em seguida as ilhas de Isa, Tsushima e Sado. Por fim, geraram a maior ilha de todas, Honshu. Oito ilhas ao todo. As maiores ilhas que compõem o arquipélago japonês e que os deuses puseram o nome de País das Oito Ilhas.

Em seguida, Izanami deu à luz todas as espécies de divindades, os kamis. O Deus dos Oceanos, o Deus das Águas, o Deus do Vento, o Deus das Árvores, o Deus das Montanhas, o Deus das Planícies e depois o Deus do Fogo. Contudo, quando deu à luz Kagutsuchi (軻遇突智), o Deus do Fogo, Izanami sofreu queimaduras graves que a levaram à morte e à jornada sem retorno em direção ao Reino dos Mortos.

Enlutado com a perda de sua esposa, Izanagi enterrou Izanami no monte Hiba e, dirigindo toda a sua fúria ao filho Kagutsuchi, o decapitou. Mas isso não foi o suficiente para aplacar o sentimento de perda do grande Deus da vida e desejoso de se reunir a esposa foi em busca dela no Reino dos Mortos, determinado a encontrar uma maneira de trazê-la de volta à vida.

Ao chegar na escuridão absoluta do submundo, ele chamou por Izanami e pediu que ela retornasse. Contudo a deusas já não podia retornar ao mundo dos vivos porque consumira a comida da fornalha daquele reino sombrio e ali deveria permanecer.

Ainda assim, ela pede para que ele ali ficasse um pouco, devendo, no entanto, não a olhar. Impaciente para ver a esposa, Izanagi não obedece ao perdido da deusa e acende uma tocha usando um dos dentes de seu pente de madeira. Com a repentina claridade Izanagi se deu conta que sua esposa já não era bela como antes e havia se transformado em um cadáver em estado de putrefação, com o corpo “infestado de larvas” e o belo rosto afundado em si mesmo.

Enojado, o deus decidiu ir embora animando a fúria de Izanami por ele não ter cumprido a sua promessa de não a olhar. Para impedir que o esposo fugisse ela manda em seu encalço as Bruxas de Yomi para capturá-lo, sem sucesso. Izanagi escapa do submundo e bloqueando a passagem com uma enorme pedra impede que Izanami também fugisse dali, encerando-a por toda eternidade no Reino dos Mortos.

Enfurecida Izanami decide matar todos os dias mil pessoas, decisão que Izanagi rebate prometendo fazer todos os dias nascerem outras mil e quinhentas no lugar.

A mitologia e a dualidade de todas as coisas: voltando ao livro de Natsuo Kirino

A literatura japonesa é sempre carregada da forma contemplativa e muito característica dos orientais de verem o mundo. Quando analisamos o livro de Natsuo e o mito que lhe dá vida observamos que o objetivo da autora foi falar de muitos temas que na cultura japonesa se encontram intrinsecamente ligados entre si, ainda que muitas pessoas não o percebam em seu cotidiano.

Por isso, ela escreve uma história em que várias dimensões complementares se entrecruzam: a mitologia e a religião que por muitos de seus traços fomentou por séculos, dentro da sociedade, práticas e ideias machistas que legitimavam a submissão e marginalização da mulher, além de alicerçar uma infinidade de tradições injustas impostas por gerações. Todavia, gosto de pensar nesse livro também como uma história sobre a dualidade e a complementariedade de todas as coisas – um conceito pilar da crença filosófica-religiosa de muitos povos orientais.

Em O Conto da Deusa há um intenso diálogo entre duas dimensões quase que indissociáveis da cultura japonesa: a sua mitologia e as crenças sincréticas dos japoneses, que costumam associar elementos de várias religiões tradicionais do oriente como xintoísmo, o taoismo e o budismo, além dos princípios filosóficos do o confucionismo[2].

O tei-gi, a forma mais conhecida de se representar o conceito de yin-yang.
Wikimedia Commons.
A intertextualidade com a mitologia é evidente pois a autora se apropria do mito da criação do Japão para criar o plano de fundo de sua narrativa. Entretanto, por todo o livro também é possível encontrar outras referências mais ligadas às religiões que influenciam a cultura local. A principal destas referências é o conceito de dualidade do taoismo (Yin-yang).

O Yin e Yang descrevem duas forças fundamentais opostas e complementares que regem o mundo e se encontra na essência de todas as coisas. Yin seria o princípio feminino, passivo, noturno e escuro, quanto que o Yang o seu oposto (o princípio masculino, ativo, diurno e luminoso). “Segundo essa ideia, cada ser, objeto ou pensamento possui um complemento do qual depende para a sua existência. Esse complemento existe dentro de si. Assim, se deduz que nada existe no estado puro: nem na atividade absoluta, nem na passividade absoluta, mas sim em transformação contínua[3].

Na narrativa de Natsuo, essas duas forças fundamentais e as suas sucessões cíclicas cumprem o papel de um dos principais pilares entorno do qual se constrói toda a narrativa e sua problemática. Tudo começa com Izanagi e Izanami que além de serem os deuses criadores do mundo como o conhecemos e progenitores dos kamis () – as divindades xintoístas – são também a representação da dualidade do masculino e do feminino, representado pelo homem e pela mulher, mas também são a representação da dualidade fundamental da vida e da morte.

Inicialmente ambos os deuses representam a vida e o nascimento ao darem origem a diversas ilhas e divindades geradas do ventre de Izanami quando fecundada por Izanagi. Contudo, tudo toma um tom fúnebre quando a deusa progenitora se torna deusa dos mortos e fundamentalmente o oposto de seu marido, ainda deus da vida e do nascimento e responsável por repor no mundo as vidas ceifadas por sua esposa. A partir de seu falecimento Izanami é encerrada em um mundo de escuridão e lamento, enquanto seu esposo continua a habitar um mundo cheio de vida e banhado pela luz.

Dessas dualidades de vida e nascimento, feminino e masculino encerrados na mitologia, Natsuo retira o combustível necessário para alimentar a sua narrativa com muitas outras dualidades ou ideias duais, complementares e opostas que permearão também toda a parte fictícia da narrativa. Os principais exemplos dessas ideias estão encerrados na narrativa do povo da ilha de Umihebi e dizem respeito as suas crenças e tradições religiosas.

Mikura-sama, a sacerdotisa maior da ilha de Umihebi, representava yang e por isso era a sacerdotisa da luz (governante do reino da luz), enquanto que sua filha – sua sucessão – deveria ser yin. Por sua vez, sua neta mais velha, Kamikuu, seria sucessão de yin, e logo, yang, enquanto que Namima, por ter nascido depois, seria, na sequência, novamente yin, o que representaria as sucessões continuas que mencionamos, formando um ciclo.

Para que se garantisse o equilíbrio das coisas e a proteção dos ilhéus, quando Mikura-sama veio a falecer Kamikuu deveria sucedê-la como sacerdotisa da luz enquanto à Namima era reservado o destino de ser seu oposto: a sacerdotisa das trevas (governante do reino das trevas) e protetora dos mortos.

Como se vê a ordem religiosa dos ilhéus era sustentado pela dualidade entre a yin responsável por zelar dos mortos e por isso excluída do convívio com os vivos, e a yang responsável pela proteção da vida, dedicada a pedir proteção aos pescadores durante suas viagens e responsável por gerar mais vida que perpetuasse o ciclo.

Porém além de Yin-Yang outras dualidades complementares aprecem na narrativa como a contraposição entre morte (Amiido, Namima e Izanami) e vida (Kyoido, Kamikuu e Izanagi) e nascente e poente presente em passagens como esta:

[...]
Eu fiquei lá parada, petrificada. O que eles queriam dizer com aquilo?
— Deste dia em diante você será a guardiã do Amiido. Kamikuu, Filha dos Deuses, é yang. Ela é a alta sacerdotisa que governa o reino da luz. Ela reside no Kyoido no limite leste da ilha, onde o sol nasce. Mas você é yin. Você deve presidir o reino das trevas. Você morará aqui, no Amiido, no limite oeste onde o sol se põe.
Eu me virei para olhar, chocada, a minúscula choupana perto da caverna cheia de cadáveres. Então aquela deveria ser a minha casa? Eu estava em estado de estupor.
O chefe da ilha berrou uma ordem:
— Namima! Pelos próximos vinte e nove dias você erguerá as tampas dos caixões e verificará se Mikura-sama e Namino-ue-sama não retornaram à vida. Você jamais terá permissão para voltar ao vilarejo. Comida será deixada para você na entrada do Amiido. Você comerá essa comida. Existe um pequeno poço atrás da choupana. Nada lhe faltará.
[...]

Como se vê nesse trecho Natsuo explora bastante a ideia de dualidade e descreve uma sociedade – a dos ilhéus de Umihebi – toda organizada entorno destes conceitos duais que eles respeitam profundamente e aceitam como verdade indiscutível. O Amiido na narrativa é o cemitério do vilarejo e logo residência dos mortos, enquanto que o Kyoido era um lugar sagrado onde a sacerdotisa da luz fazia suas orações e pedidos por proteção para a ilha. Como lugares opostos eles também residem em extremos opostos (leste e oeste), mas são fundamentalmente complementares e necessários. Ao mesmo tempo, a sacerdotisa da luz goza de liberdades que à sacerdotisa das trevas era negado, como, por exemplo, habitar entre os ilhéus, ser vista por eles.

Como sabemos, os mitos surgem nas sociedades tradicionais como forma de explicar a vida, o mundo e a própria organização da sociedade. Pelo mito muitas ideias são ensinadas e impostas as gerações seguintes, tradições, práticas e crenças são legitimadas e junto com isso toda a filosofia de um povo. As tradições da ilha de Umihebi estavam fundamentalmente baseadas nas crenças mitológico-religiosas de seu povo e por reproduzia injustiças e as legitimavam como necessárias a manutenção do equilíbrio da vida.

Natsuo explora as ideias de dualidade presente no mito dos deuses Izanagi e Izanami – morte e vida, homem e mulher, – e também nas tradições da fictícia Umihebi – Yin e yang, luz e trevas –, para falar de como o mundo muitas vezes é regido por ideias opostas e complementares, de que somos um todo composto de parte muito distintas entre si, mas fundamentalmente ligadas e indissociáveis.

No entanto, a autora vai além e dá margem a uma discussão de como as ideias transmitidas pelos mitos e tradições, por vezes, são utilizadas como justificativas para injustiças, e também de como essas ideias também são forjadas para submeter determinado grupo ou seguimento social – são utilizadas como justificativas para a opressão. Uma das discussões mais explícitas é o papel de submissão da mulher que no caso de Izanami não poderia ter falado antes de seu esposo e, por consequência disso, tivera filhos defeituosos. Uma clara justificação de porque a mulher deveria se submeter a vontade de seu esposo, ser silenciosa e submissa a sua autoridade. Isso faz de O Conto da Deusa mais do que uma simples releitura de um mito secular e transforma-o em uma obra instigante e profundo ao seu modo, que discute temas ainda atuais, com um olhar contemporâneo, mas sem perder de vista o passado e as raízes de um povo que hoje consegue com muita perspicácia aliar o moderno e o tradicional.







[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Mitologia_japonesa
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Jap%C3%A3o#Religi%C3%A3o
[3] https://pt.wikipedia.org/wiki/Yin-yang

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