domingo, 31 de dezembro de 2017

Medieval: contos de uma era fantástica – Ana Lúcia Merege e Eduardo Kasse (org.) – Resenha


Por Eric Silva

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Da Escandinávia ao Japão, Medieval é uma obra que reúne nove autores brasileiros para contar histórias sobre uma época que fascina muitos leitores: a Idade Média. Juntando História e fantasia a coletânea organizada pelos autores Ana Lúcia Merege e Eduardo Kasse narra o lado fantástico de um período marcado por lutas sangrentas, disputas pelo poder e pela hegemonia do pensamento cristão, mas que ainda assim não foi o suficiente para apagar totalmente as crenças e mitos pagãos. Gênios, bruxos e entidades antigas povoam os contos dessa coleção que recentemente foi vencedora do Prêmio Argos de melhor coletânea.

Confira a resenha do último livro da Campanha Anual de Literatura do Conhecer Tudo que neste ano homenageou a literatura do Brasil.


Sinopse

Cruzados, vikings, chineses, japoneses, mouros, gênios, bruxos e reis, todos eles cabem nessa coletânea de contos que faz um retorno à Idade Média para contar histórias que vão da Escandinávia ao longínquo Oriente de imperadores e samurais, tendo a magia como elemento condutor de cada narrativa. Organizado pelos especialistas em Idade Média e ficção histórica Ana Lúcia Merege e Eduardo Kasse, o livro conta com a participação de nove contos de vários autores brasileiros além de seus organizadores e foi ganhador do Prêmio Argos de 2017.


Resenha

Para além da Idade Média europeia

Ilustração do manuscrito francês medieval das três classes
da sociedade medieval: aqueles que oravam (o clero) 
aqueles que lutavam (os cavaleiros) e os que trabalhavam
 (o campesinato). 
(Li Livres dou Sante, século 13).
Imagem: Wikimedia Commons
Costumamos erroneamente associar a Idade Média (de 476 d.C. a 1453 d.C.) apenas aos feudos, castelos e batalhas ocorridas em solo europeu, porque assim nos ensinam quase todos os livros de História. Contudo, esse período da história da humanidade guarda em si uma diversidade que varia enormemente tanto no tempo como no espaço, sendo tão diverso quantos são os povos que coexistiram nesse mesmo momento histórico. E mesmo na Europa distinções culturais são perceptíveis quando nos aprofundamos no estudo histórico e cultural da miscelânea que compunha o povo europeu.

Muitos não sabem ou esquecem que a Idade Média não está restrita ao continente europeu, mas foi vivida também por todos os povos no mundo. Claro que essa vivência não se deu com as mesmas características, nem sob um mesmo sistema econômico e social. Enquanto na Europa da época o sistema social foi chamado de feudalismo, no oriente, tínhamos os grandes impérios como é o caso da China e do Japão, neste último substituído pela ditadura militar dos xogunatos ainda no século X.

O problema está todo na visão eurocêntrica da Historiografia ocidental que quando foi transposta para a escola nos fez pensar que a Idade Média aconteceu como um fenômeno europeu, que se confunde ao feudalismo – esse sim original daquelas bandas – e não como um período do tempo histórico da humanidade que nada mais representa do que uma datação. Cada povo que foram contemporâneos dos europeus medievos possuíam suas particularidades, diferentes graus de avanço tecnológico, diversos sistemas socioeconômicos e culturais, mas viveram na mesma época.

Medieval foi a primeira obra que eu li que toma a Idade Média como período da história da humanidade e não apenas das civilizações europeias e busca revelar a multiplicidade cultural e étnica da época, extrapolando os limites da Europa Medieval e indo ao Oriente. Desse modo, povoa suas histórias com vikings, mouros, mongóis, chineses, japoneses, imperadores, reis, camponeses, magos, cruzados e cavaleiros, cobrindo mais de mil anos de história. Senti falta apenas dos reinos africanos (Império de Gana, de Aksum, do Mali)[1] e dos povos pré-colombianos da América (Astecas e Maias)[2], surgidos na antiguidade e existentes ainda na época, logo, contemporâneos de europeus e asiáticos, ainda que o contato entre eles variasse de muito pouco a nulo, no caso dos americanos, nulo. Obviamente que sei que essa não era a proposta do livro, mas Medieval me fez ficar com vontade de ler contos também sobre esses povos.

Mas ir para além da Europa medieval não foi a única surpresa desse livro. Logo no primeiro conto percebi que Medieval divergia enormemente do que eu imaginava a princípio. Pensei inicialmente que os contos dessa coletânea tratavam da Idade Média histórica pura e simplesmente, contando enredos que se assemelhariam a livros como A Catedral do Mar de Ildefonso Falcones, que trata da servidão camponesa, o poder da nobreza, e das perseguições religiosas, ou Os Pilares da Terra, de Ken Follett, que aborda também a questão religiosa somada às disputas pelo poder.

Qual foi então a minha surpresa ao perceber elementos mágicos e sobrenaturais nas narrativas. Foi então que lendo o prefácio que compreendi que era esse o grande diferencial da obra e que o termo “fantástica” do subtítulo não se tratava apenas de um adjetivo para exaltar a era medieval. Isso não significa, porém, que os autores sacrificaram a História oficial para contar as suas narrativas, pelo contrário, todos os contos são povoados de muitos elementos da história real de cada povo que é retratado e o elemento mágico vem, por assim dizer, complementar e enriquecer cada conto ao lançar uma aura diferente sobre eles.

Compreendi também que o objetivo dos organizadores era mostrar que mesmo num período no qual a “visão cristã de mundo” era hegemônica, o fantástico e o maravilhoso sobre-existiam e sobreviviam no cotidiano e nas crendices, alimentando histórias fantásticas como as relatadas neste livro.

A ideia de juntar o fantástico com a Idade Média me fez lembrar das lendas de Arthur e do mago Merlim e também dos contos de fadas europeus, que são quase todos ambientados na era medieval e possuem um componente mágico muito forte. Porém, Medieval se distancia enormemente desses últimos pois não é uma obra ingênua. A maioria de seus contos busca o mágico atrelado ao realismo e não o mágico pelo mágico. Além disso, a ferocidade das relações humanas não é suavizada ou omitida e nem há uma tentativa de retomar o romantismo das histórias de cavalaria, que é próprio dos Contos da Távola Redonda e distante da realidade cruel da época a que faz referência.

Os contos em sua maioria não são arrebatadores ou magnéticos, algo que, na mainha opinião, é raro no gênero, sendo mais comuns os desfechos surpreendentes e acho que por isso mesmo que Antonio Skármeta dizia que "[...] o que opera no conto desde o começo é a noção de fim. Tudo chama, tudo convoca a um "final".

Contudo, os contos de Medieval são cheios de peculiaridades que os tornam únicos e especiais. Alguns são carregados de referências, mas todos buscam ser originais. Há aqueles que deixam seus desfechos em aberto deixando-nos em suspenso, outros que são imprevisíveis em seu enredo e nos pegam desprevenidos, mas todos são de uma qualidade narrativa que se sobressai. Muito bem escritos são frutos de pesquisas aprofundadas e cuidadosas sobre a época e os povos ali descritos, nos fazendo mergulhar na História, nos costumes e nos cenários de cada lugar.
Para não me estender resenharei apenas alguns, escolhidos arbitrariamente, e sobre os demais falarei só o que for de mais significativo.

Da Escandinávia ao Japão: os contos que compõem a obra

As Cruzadas são o principal tema do conto Erva Daninha,
de Melissa de Sá. Na imagem, Victoria hussita
 sobre os cruzados na batalha
de Domažlice em 1431 (c. 1500, Jena Codex)
Composta por nove contos, a coletânea é iniciada com o texto Erva daninha de Melissa de Sá e que tem como cenário a Veneza dos tempos das cruzadas.

Nesse conto conhecemos Pierre, um cruzado francês atormentado pelo passado e que buscava na Santa Missão (a luta contra os muçulmanos que ocupavam Jerusalém) a remissão dos seus pecados. Porém, chegando a Veneza, onde as tropas cruzadistas ficaram apostos a espera que os navios que os levariam a Terra Santa, Pierre conhece Agnes, uma linda e misteriosa jovem que mudaria para sempre a história do rapaz.

Esse é um conto que traz um dos elementos mais comuns às histórias fantásticas que é o tema da imortalidade e do furor daqueles que ambicionam conquistá-la. Contudo, a narrativa se sobressai pela grande sensibilidade da autora para trabalhar com histórias que envolvem o relato e a memória, o que se evidencia nos detalhes que o personagem rememora. O crucifixo que a mãe trazia por baixo da manga do vestido quando ia trabalhar nos campos; a primeira lembrança de Agnes, na feira, escolhendo uma fazenda e apalpando o tecido, roçando-o contra o rosto. A até mesmo do ar frio e dos modos duros dos venezianos ele se recorda.

Mural de guerra de cerco, Genghis Khan.
o Grande líder mongol foi responsável por um cerco a capital
chinesa que durou um ano.
Imagem: Wikimedia Commons.
Em O desejo de Pungie, texto de A. Z. Cordenonsi, temos uma completa mudança de cenário e somos guiados a Zhongdu, atualmente Beijing, em pelo cerco empreendido pelo chefe mongol Gengis Khan[3] e que já matava de fome a população da cidade. Nesse conto, conhecemos o dilema de Pungie, um descendente dos povos mongóis, mas que fora criado como chinês e conseguiu uma posição de funcionário público no liquidado Estado chinês. Odiado pelos moradores da cidade, sobretudo os mais pobres, Pungie ainda enfrentava a fome e privação com a sua família, assim como quase todos na cidade sitiada. Além disso temia pela segurança dos filhos diante da invasão iminente e que dizimaria a enfraquecida população de Zhongdu. E é por desespero que ele recorre a um velho e odiado membro de sua família, mas que era entendido dos mistérios da feitiçaria.

O texto de Cordenonsi, primeiro que leio do autor, é muito bem escrito e uma verdadeira aula de história chinesa e mongol. Ele é o primeiro conto da coleção a pintar a idade média com os matizes de outros povos ao mesmo tempo que busca inspiração em uma parte da História Mundial que ainda não tinha visto em nenhuma obra brasileira.

O conto é surpreendente e imprevisível, a única coisa que nos é dada pela descrição breve da história de Beijing, é a certeza de que a cidade cairá, tudo o mais, o destino de Pungie, de sua família e das artes mágicas que são evocadas por sua parente, pega-nos desprevenidos em um desfecho inesperado.
Na sequência, o quarto conto é Sacrifício, texto de Eduardo Kasse, autor dos livros da série Tempos de Sangue, do qual fazem parte os livros O Andarilho das Sombras e Deuses Esquecidos ambos resenhados aqui no blog.

Em Sacrifício, Kasse conta uma história dos vikings escandinavos com todas as características típicas dessa forma de narrativa: batalhas ferozes, pilhagens, grandes langskibs[4] e rituais mágicos.

Draugen, entidade mitologia nórdica presente em Sacrifício,
conto de Eduardo Kasse. 
Nesse conto acompanhamos quatro irmãos (Arvid, Einarr, Ragnvald e Ulrik) que se preparam para viajar a Inglaterra para uma nova pilhagem, esperançosos de encontrar fartura de ouro para saquearem como em suas últimas excursões às ilhas britânicas. Contudo, um deles acaba vivenciando um encontro com uma entidade mágica, um draugen (morto-vivo na mitologia nórdica), que lhe faz revelações tenebrosas quanto ao futuro da viagem. Por todo o conto acompanhamos da peleja empreendida pelos irmãos contra ladrões de gado até as preparações para a viagem e a chegada ao destino dos guerreiros, numa narrativa carregada tanto de misticidade como da potência guerreira pelo qual os vikings entraram para a história mundial.

Sacrifício é um conto que me fez lembrar de imediato de O Último Reino de Bernard Cornwell, livro que tem a mesma pegada e temática, com exceção de toda a parte mítica. Todavia, foi um outro aspecto da narrativa que muito me chamou a atenção para esse que é o conto mais inquietante de toda a coletânea: a passagem que lhe dá nome.

[PARÁGRAFO COM SPOILER] Antes de se aventurarem pelos mares em busca de cidades e povoados para pilharem, os vikings realizavam rituais mágicos de proteção e que lhe dessem sorte em suas campanhas. É em um desses rituais que os personagens do conto realizam sacrifícios humanos de prisioneiros de guerra, mas junto a eles é também sacrificada uma de suas filhas pequenas, a delicada e inocente Inga.

Eduardo cria ali uma cena de uma beleza única, forte e aterrorizante, no qual a pureza e inocência contrasta e se mistura a tetricidade[5] de alguns ritos pagãos. Uma cena que aflige, deixa o coração apertado perante a iminência de um ato lúgubre. Estas são as palavras que melhor definem a cena que dá nome ao conto: belo e macabro.

O último conto que apresentarei o enredo será O grande livro do fogo de Ana Lúcia Merege, texto vencedor do prêmio Argo de 2017. Ana Lúcia é autora da série Athelgard, cujo primeiro livro, O Castelo das Águias, e outra obra complementar, Anna e a Trilha Secreta, já foram resenhados aqui no blog.

Ana Lúcia Merege capta toda a singularidade dos contos das
Mile e uma Noites e transfere para seu conto O grande livro do fogo.
Na imagem: Cassim na caverna por Maxfield Parrish, 1909,
da história Ali Baba e os Quarenta Ladrões.
Imagem: Wikimedia Commons.
Em O grande livro do fogo, com seu talento ímpar para contar histórias, Merege faz renascer todas as características peculiares dos contos das Mil e Uma Noites para contar uma história da época do califa Al-Hakkam, quando, em Córdoba, na península Ibérica, vivia o empobrecido tapeceiro Mustafá e sua filha Khadija. Motivados pela ambição de Khadija, os dois se lançam na empresa de tentarem roubar uma misteriosa garrafa na qual se acreditava estar encerrado um poderoso jinn[6], mas que se encontrava em posse de um sábio e rico comerciante, Walid Abu-Bakr. Na tentativa de furtarem a garrafa com o objetivo de fazer o gênio realizar seus desejos, pai e filha, juntamente, com o próprio Walid, acabam por se envolverem em uma aventura fantástica e perigosa que desafia a vida dos três, mas que podia ser a chave para alcançar todos os seus sonhos.

As Mil e Uma Noites é uma obra de grande importância para mim porque é uma daquelas que foram responsáveis por me fazer leitor. Está lá na lista dos livros da minha infância e adolescência e ainda será resenhado aqui no blog. Desta que é a maior coleção de contos da qual já ouvi falar, Merege resgata as aventuras cheias de animais fabulosos, criaturas mágicas, incursões pelo deserto, jinns, tesouros e desafios que põem a prova a moral e os valores de seus personagens, bem como sua coragem de enfrentar as barreiras impostas pela sorte. Uma história que muito bem podia pertencer à fabulosa coleção de contos árabes, porque sua autora conseguiu captar toda a essência mágica dessas histórias seculares e dela criou sua própria narrativa.

Há ainda outros contos que não abordarei em detalhes para não me alongar. São eles: A flor vermelha, de Karen Alvares, Kitsune, de Erick Santos Cardoso, A dama negra e a donzela de palha de Nikelen Witter, A clareira mágica, de Roberto de Sousa Causo e Lenora dos Leões, de autoria da escritora Helena Gomes e que encerra a coleção.

O conto de Karen é o meu preferido na coletânea por ser povoado de muitos simbolismos, mas principalmente pela sua protagonista vibrante que no momento em que toma as rédeas de sua própria vida e destino vive uma aventura digna de relembrar Joana D’Arc.

Por sua vez, nos contos de Roberto e Helena me surpreenderam pelo inesperado e explícito erotismo que encerram em suas narrativas. Eu até esperava encontrar esse erotismo no texto de Kasse, especialmente, após a experiência de dois livros já lidos do autor, mas fui pego de surpresa ao encontrá-lo também nos dois contos supracitados. Porém é digno de nota que nas três narrativas o sexo cumpre funções muito próprias. Em Lenora dos Leões as cenas explícitas de sexo é, na verdade, uma denúncia a cultura do estupro, muito comum não só em campos de batalha como em todo o período medieval. Enquanto que, sob outra perspectiva, em Sacrifício e A clareira mágica, essas cenas estariam ligadas aos ritos pagãos e buscam, por sua vez, descortinar esse aspecto não muito conhecido dos rituais mágico-religiosos de vários povos antigos que tinham no sexo uma forma de rito.

Representação artística de um guerreiro samurai prestes a
realizar o seppuku. Xilogravura Ukiyo-e do período Edo
(1850-1860). O mesmo ritual é um dos temas do 
conto Kitsune de Erick Santos Cardoso.
Imagem: Wikimedia Commons.
Kitsune foi outro conto que muito me chamou a atenção. Sou muito sensível ao que leio e minha mente está sempre tentando expandir a narrativa a sua maneira. Kitsune foi um conto que brincou com essa minha sensibilidade porque produziu em mim uma imagem mental da narrativa extremamente singular.

Esse conto tem uma estética que beira o cinematográfico e me fez imaginar as cenas como se estivesse em um daqueles anime japonês com uma história do período Edo. As cores vivas, as lâminas afiadas e os ukiyo-ê[7] típicos do Edo vieram à tona em minha mente ao imaginar os bambus tremulando ao vento, a cor viva da pelagem da raposa, o sangue rubro a escorrer pela lâmina da katana enquanto impregnava a roupa do samurai com sua cor e calor. Um show de sensações que, no entanto, (tenho certeza) não será igual para todos que lerem, porque a minha otakice ajudou bastante na associação, ainda que isso não tire o mérito da narração.

Por fim, A dama negra e a donzela de palha é também um conto interessante que fala um pouquinho da infância camponesa, assim como dos mistérios das artes mágicas. Porém o seu desfecho em aberto me frustrou bastante, sobretudo porque se dá no principal clímax da história.

Conclusão

Medieval é um trabalho muito interessante de dois escritores que admiro muito e como sempre eles fizeram um bom trabalho com uma proposta que acho agradará muitos leitores, tanto aqueles que gostam de contos cheios de magia, como aqueles que gostam de histórias do período contemplado pelo livro. Além disso eles reuniram um time de escritores talentosos e que escrevem muito bem. Não é à toa que o livro foi logo premiado em duas categorias: melhor coletânea e melhor conto.

O que senti falta na coletânea foi um glossário ou um conjunto de notas maior e que desse conta dos vários termos e expressões estrangeiras desconhecidas. Em vários contos estas expressões aparecem. São termos em japonês, chinês, dinamarquês (acho), árabe, alguns explicados dentro do próprio contexto, mas outros carentes de notas ou dos organizadores ou dos próprios autores.

Para quem tem um conhecimento vasto nas temáticas tratadas isso não foi problema. Também para quem leu pelo Kindle, como foi meu caso, o motor de pesquisa do Wikipédia presente no aplicativo foi essencial, mas isso, por outro lado requer acesso à internet. Para os leitores da versão impressa, por vezes terá que fazer uma pesquisa ou outra para conhecer mais de perto esses termos. Cito só alguns deles com os significados em nossas notas no final da postagem: zoco[8], wushamao[9], langskib[10], seppuku[11], tian-dao[12], dentre outros.

Mas, em conclusão, com seus pontos positivos e negativos, não importa, Medieval é uma obra brasileira sem precedentes no formato em que se apresenta e realmente digno do prêmio que recebeu. A edição é linda, uma das capas mais inspiradas do catálogo da Draco. Os contos são diversificados e não repetem temáticas, além de serem muito bem escritos. Muitos deles originalíssimos e todos carregam as marcas pessoais de seus autores.

Cortesia do programa Kindle para Samsung, a edição lida é digital, publicado pela Editora Draco e do ano de 2016. A versão impressa possui 232 páginas. Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível no Google Books.


Prévia do Google Books




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[1]https://seuhistory.com/microsite/raizes/news/oito-grandes-imperios-africanos-que-voce-provavelmente-nao-conhece
[2]http://www.ufscar.br/cursinhoufscar/civili_precolombiana.htm
[3] “Título de um conquistador e também, atualmente, o nome do imperador mongol, nascido com o nome de Temudjin nas proximidades do rio Onon, perto do lago Baikal. [...] Estrategista brilhante, com hábeis arqueiros montados à sua disposição, venceu a grande muralha da China, conquistou aquele país e estendeu o seu império em direção ao oeste e ao sul” (Wikipédia).
[4] Nome pelo qual são conhecidos os navios clássicos dos vikings. (Wikipédia)
[5] Caráter ou qualidade de tétrico (que causa horror; horrível, medonho). (Houaiss, 2001)
[6]O mesmo que gênio. Espírito que, segundo os antigos, regia o destino de um indivíduo, de um lugar etc., ou que se supunha dominar um elemento da natureza, ou inspirar as artes, as paixões, os vícios etc. (Houaiss, 2001)
[7]Gênero de xilogravura e pintura que prosperou no Japão entre os séculos XVII e XIX. (Wikipédia)
[8]Mercados tradicionais em países árabes especialmente aqueles que são realizados ao ar livre. (Wikipédia Espanhola)
[9]Chapéu usado pelos funcionários chineses da etnia Han durante a dinastia Ming. Consistia-se em um chapéu preto com duas abas parecidas com asas de placas finas, de forma oval, em cada lado. (Wikipédia Inglesa)
[10]Vide nota 4.
[11]Ritual suicida japonês reservado à classe guerreira, principalmente samurai, em que ocorre o suicídio por esventramento (consiste em realizar um corte, “kiru”, horizontal na zona do abdômen, abaixo do umbigo, “hara”, efetuado com um tantō, wakizashi ou um simples punhal, partindo do lado esquerdo e cortando-o até ao lado direito, deixando assim as vísceras expostas como forma de mostrar pureza de carácter). (Wikipédia).
[12]Grupo de religiões de origem chinesa que seguem sua linhagem de volta ao movimento Lótus Branco da China imperial, adaptado ao quadro da religião popular chinesa. Conhecido também como xiantiandao. (Wikipédia).

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Hilda Furacão – Roberto Drummond - Resenha


Por Eric Silva

Nota: todos os termos com números entre colchetes [1] possuem uma nota de rodapé sempre no final da postagem, logo após as mídias, prévias, banners ou postagens relacionadas.

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Muitos anos depois da exibição da minissérie produzida pela Rede Globo de Televisão, retornamos a história original da prostituta mais famosa do país: Hilda Furacão, livro do brasileiro Roberto Drummond.

Misturando ficção e relato autobiográfico, Roberto recria a atmosfera social moralista-conservadora da época e a tensão política que agitava os últimos anos que antecederam o golpe militar de 1964. É com bastante humor que ameniza o teor crítico de sua narrativa, que o autor vai descrevendo uma Belo Horizonte dos sonhos, mas que também era palco de grandes conflitos, contradições e disputas, e que como tal era um reflexo do que ocorria no Brasil das décadas de 1950 e 1960.

Confira a resenha do penúltimo livro da campanha do #AnoDoBrasil, a segunda edição da Campanha Anual de Literatura do Conhecer tudo.

Sinopse

Em uma narrativa que mescla o romance proibido entre um frade e a prostituta mais cobiçada da capital mineira e o cenário político e social conservador que antecedeu o golpe militar de 1964, Hilda Furacão narra a história de três amigos e uma bela prostituta que chamou a atenção de toda a capital mineira. Os amigos são Roberto, um jovem jornalista comunista que se divide entre a causa e os desafios de quem começa no jornalismo; Aramel, um belo rapaz que sonha em tornar-se ator em Hollywood e livrar-se da vida de pobreza que vivia; e Malthus a quem todos chamavam de Santo, porque desde pequeno foi guiado pela mãe e pelo padre de Santana dos Feros a seguir a vida religiosa para alcançar uma pretensa santidade. E ela era Hilda, a Garota do Maiô Dourado, uma moça de família rica que desprezava todos os pedidos milionários de casamento e que por algum motivo desconhecido abandona tudo e muda-se para o quarto 304 do Maravilhoso Hotel, na zona boêmia da cidade para o desassossego de esposas, namoradas e mães de toda Belo Horizonte.

Ana Paula Arósio no papel de Hilda Furacão na minissérie homônima.
Resenha

A primeira vez que ouvi falar de Hilda Furacão nem imaginava que se tratava de um livro. Como a maioria dos brasileiros conheci a história da prostituta mais cobiçada de Minas Gerais através da minissérie produzida pela Rede Globo e exibida no ano de 1998.

Obviamente, ainda no auge dos meus sete anos, pouco me lembro da telenovela que na época era proibida para a minha idade, mas nunca me esqueci de como a beleza e sensualidade de Ana Paula Arósio, intérprete da protagonista, fascinava qualquer garoto, eu entre eles. Embalados pela voz morna de Nana Caymmi cantando Resposta ao Tempo muitos de nós nos apaixonamos pela beleza da personagem e sobretudo de sua intérprete. Quase vinte anos depois, meio sem querer esbarrei com o livro que inspirou a série na biblioteca da filarmônica 30 de Junho e não tive dúvidas, precisava lê-lo.


Aramel, interpretado por Thiago Lacerda na minissérie da Rede Globo.
Livro de Roberto Francis Drummond, Hilda Furacão conta muitas histórias de uma Belo Horizonte que ficou no passado dos últimos anos antes do golpe militar de 1964. Narrado pelo próprio autor, neste livro Roberto conta sua história e a de dois de seus melhores amigos: Aramel (o Belo) que aspirava alcançar a carreira de ator em Hollywood e enquanto não conseguia seu intento trabalhava como Dom Juan de aluguel para um grande magnata belo-horizontino; Malthus (o Santo), que tornou-se frade dominicano para alcançar o sonho de tornar-se santo, e que em seus momentos de dúvidas se consolava com a geleia de jabuticaba feito por sua mãe. O terceiro a compor o trio seria o próprio narrador, jornalista e comunista que na época sonhava em ter sua própria Sierra Maestra. De maneiras diferentes no caminho dos dois últimos estaria Hilda Furacão.

Filha de uma família tradicional e rica, desde a sua adolescência, Hilda era conhecida, em Belo Horizonte, como a Garota do Maiô Dourado, sendo alvo das paixões de vários rapazes. Contudo, no dia 1 de abril de 1959, a moça resolve abandonar tudo, sai de casa e passa a ocupar o quarto 304 do Maravilhoso Hotel, na rua Guaicurus, Zona Boêmia da capital mineira, onde habitavam prostitutas, boêmios e travestis.

Ali, a Garota do Maiô Dourado que antes frequentava a piscina do Minas Tênis Clube torna-se a Hilda Furacão, a mais desejada e disputada prostituta da cidade. Logo sua fama de levar os homens a “subir pelas paredes” ganha toda a cidade, fazendo crescer a fila na porta do quarto 304. Contudo, a real razão da moça ter abandonado tudo para seguir a vida de meretriz continuava um mistério que muitos desejavam desvendar, entre eles Roberto, que recebera a missão de escrever uma matéria sobre ela no jornal onde trabalhava.

O surgimento de Hilda Furacão coincide com uma grande manifestação popular para acabar com os prostíbulos da Zona Boêmia, transferindo os seus habitantes, bares, bordéis e hotéis para uma área periférica, onde seria construída a chamada Cidade das Camélias.

O projeto, que ainda precisava ser votado na câmara, dividia opiniões e pós em confronto, de um lado, os defensores da Zona Boêmia, sobretudo os habitantes do Maravilhoso Hotel – entre eles Hilda, a prostituta Maria Tomba-Homem e o travesti Cintura Fina –, e, de outro, a Sociedade Defensora da Moral e dos Bons-Costumes, liderados pela moralista Loló Ventura.

Frei Malthus interpretado por  Rodrigo Santoro na minissérie da Rede Globo
Na disputa entre defensores e contrários ao projeto da Cidade das Camélias, Frei Malthus entra ao lado do movimento de Loló Ventura prometendo exorcizar Hilda Furacão, contudo o efeito não é o esperado e os destinos dos dois acabam irremediavelmente ligados.

Contudo, ao contrário do que se pode pensar, Hilda Furacão não é o principal foco do livro que leva seu nome. Em lugar disso, o livro mistura realidade e ficção centrando-se na história de seu próprio autor e narrador.

Contando sua história desde Santana dos Ferros quando morrera seu pai, até suas aventuras como jornalista já na cidade de Belo Horizonte, Roberto traz a si mesmo como personagem ativo e envolvido em quase tudo o que acontecia naqueles tempos na capital mineira. Desta forma, todo o livro está povoado por muitas passagens autobiográficas que se confundem com a parte ficcional da história, além de muitos personagens reais que são inseridos na trama ou servem de base para a criação dos mesmos.

Maior exemplo dessa mistura de ficção e realidade é a personagem principal, inspirada na história de juventude da prostituta Hilda Maia Valentim, conhecida na zona boêmia de Belo Horizonte como Hilda Furacão, mas que ao mesmo tempo foi enriquecida com vários elementos ficcionais que a ampliaram e a adequaram à narrativa.

Em sua narrativa Roberto pinta um Hilda forte e determinada, uma mulher que se faz admirável não apenas pela sua beleza e sensualidade, mas igualmente pela força de seu espírito. O que torna um pouco cansativo na história é a insistência do autor em afirmar ser um mistério Hilda ter tornado-se uma prostituta, quando a própria narrativa deixa claras as suas motivações e que se resumiam a pura superstição. Talvez quando você ler também compreenda do que quero falar.

Os demais personagens da narrativa possuem marcas muito próprias, apesar de achar que Aramel podia ter sido melhor desenvolvido e ter tido sua personalidade mais acentuada na narrativa. Porém, o personagem mais vivo e vibrante na história é, sem dúvidas, o próprio Roberto. Conhecemos cada parte de sua personalidade, seus sonhos e anseios são demonstrados com proximidade, bem como seus pensamentos. Nem mesmo Santo, que na minha modesta opinião se mostra um homem fraco e vacilante, ou mesmo Hilda Furacão, são tão bem caracterizados e aprofundados quanto o narrador da história.

Narração e temáticas

Roberto (personagem) interpretado por Danton Mello na minissérie da Rede Globo
Através de sua narração muito pouco preocupada com a linearidade da narrativa, Roberto vai contando o que ocorre com cada personagem da trama, as aventuras amorosas dos amigos, as rusgas e agitações políticas, as articulações comunistas e dos conservadores de direita. Essa falta de linearidade se manifesta quando, na sua narração, ele vai pulando de um fato para outro, de uma lembrança a outra, criando hiatos entre um acontecimento e seus desdobramentos, apenas para criar expectativas. Um jeito muito próprio de contar história, que usa de uma linguagem informal e muito próxima do leitor, enredando-o com o seu bom humor e até mesmo com essa sua falta de objetividade. Assim todas as histórias que conta encontra sua vez e se entremeiam com a sua própria história.

Mais do que uma história romântica de um amor impossível entre um religioso e uma prostituta, Hilda Furacão é um livro que aborda diversas questões que descrevem o cenário social moralista e conservador das elites brasileiras bem como os fortes sentimentos anticomunistas do período que antecedeu ao golpe militar de 1964.

Roberto Drummond (autor), foi jornalista e escritor brasileiro.
Faleceu em Belo Horizonte, no dia 21 de junho de 2002
O fanatismo religioso e a moralidade conservadora tem um lugar de grande destaque na história e são representados sobretudo na disputa entre defensores e contrários ao projeto das cidades das Camélias bem como no episódio do Adão Nu, ocorrido em Santana dos Ferros e que se torna um escândalo na cidade.

No primeiro caso, vemos como as mulheres de famílias tradicionais de Belo Horizonte se empenham para que o projeto fosse aprovado e um processo de segregação socioespacial fosse feito, afastando para o subúrbio a população da área boêmia que atraía maridos e filhos para os bailes e as “mulheres de vida fácil”[1]. Tamanho era o fanatismo misturado com o sentimento de ameaça que as mulheres da zona boemia, e sobretudo Hilda, representavam, que o grupo, liderado pela tradicional e moralista Loló Ventura, viam em Hilda Furacão a própria imagem do mal encarnado na forma de mulher, julgando-a possuída. Ideia essa que contagiou até mesmo Malthus que quase nada sabia da mulher que prometera a Loló Ventura exorcizar.

No segundo caso, o autor descreve a polêmica criada quando a igreja de Santana dos Ferros recebe um painel de uma cena do livro de gêneses na qual adão foi representado completamente nu. Um episódio que consternou a maioria das beatas da cidade e sobretudo uma das tias de Roberto que daquele dia em diante só entrava na igreja de costas para não ver as “vergonhas” do primeiro homem. O autor aborda estas questões com um misto de comédia que suaviza a crítica que ele faz nas entre linhas a uma falsa moralidade que encontrava no campo religioso uma grande vasão.

Militares da Força Pública, atual polícia militar, protegendo
 o Palácio Guanabara, no rio de Janeiro, 
durante o Golpe Militar de 64.
Imagem: Wikimedia Commons.
O outro ponto abordado pelo livro são os sentimentos anticomunistas vigentes na época, quando a elite de direita tradicionalista via nos partidos e grupos de esquerda, bem como na presidência de Jânio Quadros, mas sobretudo no governo de João Goulart, uma ameaça à soberania nacional, ao capitalismo e a democracia liberal.

Comunista e militante, Roberto fala de seus sonhos de resistência, de fazer no Brasil uma revolução socialista, de ter sua própria Serra Maestra[2] e, nesse ínterim, relata as dificuldades de manter em segredo o movimento, de conduzir suas ações e treinamentos e principalmente a moralidade ferrenha existente também dentro do partido, a moralidade socialista tão rigorosa quanto aquela defendida pelos capitalistas da época.

De toda forma o cenário político da época é um dos principais panos de fundo da narrativa que comenta fatos do momento político do país como as reformas de base e a disputa entre direita e esquerda durante os governos de Quadros e Goulart.

O livro termina com a eclosão do movimento golpista empreendido pelos militares e que contava com o apoio dos partidos de direita. Desse modo, o destino dos personagens principais coincidem com o dia seguinte ao golpe que deu início à Ditadura Militar no Brasil, ironicamente concluído em 1º de abril, Dia da mentira. Contudo o desfecho da narrativa não foi exatamente o que eu esperava, marcado por muitos desencontros e deixando um ar de história inconclusa.

O livro e a minissérie: comparações inevitáveis

Abertura da minissérie da globo exibida em 1998 e inspirada no livro de Roberto Drummond. 
Fazer comparações ente a minissérie e o livro foram inevitáveis. E apesar de achar que muito da narrativa foi preservado, foram nítidas as mudanças feitas para adequar um livro de quase 300 páginas ao que se esperava de uma série de 32 capítulos. Criação de novos personagens, aprofundamento de outros que bem pouco apreciam, além de um espaço maior para acontecimentos narrados de forma breve por Drummond, a fim de não estender a narrativas, foram as mudanças mais claras feitas na história original.

Outra mudança está na linearidade. Para não confundir o espectador, sobretudo aqueles que não havia lido o livro que inspirou a série, a Globo preferiu contar a história de Hilda de forma cronológica, quebrando com a total falta de linearidade do original. Assim, o roteiro deixou mais fácil não só a compreensão das discussões políticas acerca dos governos de Juscelino, Quadros e Goulart e, por fim, da eclosão da Ditadura, como também da evolução de seus personagens na trama.

Outro aspecto que notei é que o livro é muito menos focado na história romântica de Hilda e Santo do que a minissérie. Hilda Furacão tem mais traços de livro histórico e político do que de fato de uma história de amor. Em muitos momentos o casal protagonista fica apagado na narrativa enquanto se desenrola as aventuras do jornalista em sua causa socialista e em meio as agitações políticas da época. Mesmo sem apagar o conteúdo político da narrativa, a minissérie procurou dar destaque aquilo que chamaria mais atenção do povão acostumado às novelas globais: um amor proibido dividido entre o desejo e o medo do pecado.

Por fim, o humor característico do narrador é outro elemento que senti falta na minissérie, mas percebi que ele foi conservado nas cenas cômicas que se desenrolava na pequena cidade de Santana dos Ferros.

Em conclusão, Hilda Furacão é um livro muito bem-humorado, que fala dos bastidores de uma época no qual a tensão entre a elite de direita e tradicionalista e os movimentos trabalhistas (de esquerda) se encaminhava para o Golpe de 1964. Trata-se também de uma obra que desnuda, de um lado, os últimos anos de uma era de grande participação política por parte da população, representados por Roberto, e, de outro, os anos de ouro da boemia, representados por Hilda Furacão e pelas pessoas da Rua Guaicurus. Enfim, um livro bom.

A edição lida é da Geração Editorial, do ano de 2008 e possui 295 páginas. Abaixo você pode conferir uma prévia do livro disponível no Google Books.

Prévia do Google Books






[1] Apesar de empregá-lo na resenha considero o termo uma grande inverdade, posto que o próprio livro dá rápidas demonstrações de quantos desafios eram enfrentados todos os dias pelas prostitutas e transexuais da zona boêmia.
[2] O autor faz referência as montanhas de Sierra Maestra, em Cuba, onde o socialista e rebelde Fidel Castro e seus seguidores, na época, contrários ao então ditador Fulgêncio Batista, se esconderam e mantiveram seu quartel-general militar. O lugar é ainda hoje considerado um marco na história da Revolução cubana realizada no ano de 1959.

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