domingo, 21 de junho de 2015

O Elixir da Longa Vida - J. W. Rochester - Resenha

Magia, riquezas inimagináveis, segredos perdidos sob o véu empoeirado do tempo e uma sociedade secreta e milenar formada por pessoas que já não conhecem os limites do corpo e do tempo. Este é o universo que o leitor de  de J. W. Rochester adentrará ao lado de Morgan, e com ele dividirá a experiência de um mundo fantástico e ao mesmo tempo tenebroso.

O Elixir da Longa Vida conta a história de Ralph Morgan, um jovem médico londrino que, vitimado por uma doença que limitava sua vida a uma existência modesta e moderada, espera o dia de sua morte eminente. Contudo, um dia Morgan é surpreendido pela chegada de um misterioso homem que carregava consigo uma caixa de prata cinzelada e que numa estranha conversa propõe ao jovem médico uma troca: uma vida imortal em troca de um pouco do sangue do médico marimbondo. Ralph se surpreende inicialmente, mas sua curiosidade e o fato de que nada mais tinha a perder na vida o empelem a seguir com o desconhecido que lhe promete o segredo do elixir.

Morgan e o príncipe Naraiana Supramati, como se chamava o misterioso homem, seguem numa viagem aos Alpes onde fazem uma escalada a montanha que o leva a um luxuoso esconderijo encravado na rocha:

“Na extremidade do corredor, o doutor percebeu uma escada em espiral, dando numa plataforma onde se abriam muitas portas. O desconhecido empurrou uma delas e ambos se acharam numa projeção de rocha em forma de terraço. Uma vista magnífica se estendia ali e Ralph, não se contendo, soltou um grito de entusiasmo,

Daquela altitude formidável, se descortinava uma paisagem mágica. Os rochedos, as planícies nevadas e as crateras profundas pareciam se perder na bruma purpúrea dos raios do sol poente. Ao longe, os campos e prados verdejantes se estendiam gigantescos, verdes como esmeraldas” (trecho de O Elixir da Longa Vida, J. W. Rochester).

     Será nesta paisagem que Morgan conhecerá a identidade de seu companheiro de viagem, de sua existência imortal, mas que poderia chegar ao fim com um pouco do sangue doente do médico. Em troca da liberdade que a morte lhe daria, Naraiana oferecia a Ralph um novo estado de saúde, a imortalidade e toda riqueza incalculável que possuía reunida ao longo de séculos de existência. Será a decisão tomada pelo jovem londrino que desencadeará sua longa trajetória por um mundo desconhecido, onde magos poderosos vivem além do que a existência humana pode permitir e seres obscuros espreitam em toda parte. Após tomar sua decisão, Ralph conhecerá pessoas cujas histórias revelarão todas as facetas das paixões e traições humanas; o lado obscuro, mesquinho e egoísta da natureza humana e até onde as pessoas são capazes de ir para obter o que desejam.
Retrato de John Wilmot,  o segundo conde
de Rochester, cujo espírito é atribuída a autoria
de O Elixir da Longa Vida. Fonte: Wekimedia Commons. 

Eu já havia lido este livro há algum tempo, mas retornei à sua leitura nessas últimas semanas porque foi uma narrativa que muito me chamou atenção, para além de seu conteúdo que me lembram um pouco as narrativas fantásticas, mas em razão da multiplicidade de espaços e épocas diferentes em que a narrativa se dá. Com O Elixir da Longa Vida, o leitor é levado a caminhar por paisagens as mais diversas. Começamos nossa narrativa na fria Londres e de lá vamos aos picos congelados dos Alpes. Do frio vamos a Veneza, Paris, um castelo medieval e um suntuoso palácio indiano. Também navegamos pelos mares em outras épocas e visitamos a antiga Roma. Isso tudo para um geografo como eu é um deleite.  Confesso que a narrativa pra mim ficou em alguns momentos em segundo plano, mas os mistério no qual está envolto também instiga a imaginação.

O Elixir da Longa Vida faz parte de uma trilogia no qual o segundo livro se chama Os Magos e o terceiro A Ira Divina.

A edição lida é da Livraria Espírita Boa Nova, de 1990, com 200 páginas. 


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